SALÃO DE BOURGET 2025 ABRE COM FOCO EM
SEGURANÇA GLOBAL E AVANÇOS AEROESPACIAIS
O Salão Internacional da Aeronáutica e do Espaço de Paris-Le Bourget teve início nesta segunda-feira, 16 de junho de 2025, com a presença do primeiro-ministro francês François Bayrou. O evento reúne líderes da indústria aeronáutica num momento de crescente tensão geopolítica e aumento dos orçamentos militares.
Defesa em alta: o reflexo dos conflitos mundiais no setor aeroespacial
A edição 2025 do Salão de Bourget destaca-se pelo peso inédito dado à indústria de defesa. À medida que conflitos armados se intensificam em regiões como o Leste Europeu, Oriente Médio e Sudão, governos de todo o mundo ampliam seus investimentos em segurança. Segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI), os gastos militares globais ultrapassaram pela primeira vez a marca de 2,4 trilhões de dólares em 2024, um aumento de 6,8% em relação ao ano anterior.
Empresas como Dassault Aviation, Airbus Defence & Space, Lockheed Martin e Thales demonstram novos sistemas de combate aéreos com tecnologia baseada em inteligência artificial, capacidade de voo autônomo e detecção furtiva. Especialistas como o engenheiro aeroespacial francês Alain Boulanger apontam que “a indústria está a adaptar-se não só a ameaças militares, mas também a riscos híbridos como ciberataques e drones comerciais armados.”
O pavilhão de defesa conta ainda com demonstrações ao vivo de drones táticos, caças de 6.ª geração e soluções de interoperabilidade entre forças aliadas, reforçando o papel estratégico da OTAN e dos seus parceiros nos teatros operacionais modernos.
Inovação civil e sustentabilidade: uma nova era para a aviação comercial
Apesar do protagonismo da defesa, a aviação civil mantém espaço nobre no Salão de Bourget. Fabricantes como Boeing, Embraer, ATR e Airbus apresentam aeronaves mais leves, eficientes e com menor pegada ecológica. A descarbonização da aviação continua a ser um objetivo central, com destaque para projetos movidos a hidrogénio e biocombustíveis sustentáveis (SAF).
De acordo com relatório da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), o setor comprometeu-se a atingir emissões líquidas zero até 2050. Neste contexto, o consórcio Airbus revelou o protótipo ZEROe, com motor híbrido elétrico-hidrogénio, previsto para testes em larga escala já em 2027.
A presença de startups aeroespaciais também é significativa. Plataformas de mobilidade aérea urbana (eVTOLs), como os veículos da Volocopter e da Lilium, prometem revolucionar os transportes em áreas metropolitanas. Jean-Luc Moreau, consultor de inovação em transporte aéreo, ressalta que “a integração desses novos modelos requer regulação internacional coordenada, infraestrutura dedicada e aceitação pública”.
O evento conta com painéis técnicos sobre aviação verde, regulamentações da Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA) e iniciativas conjuntas entre governos e empresas para criar corredores aéreos de baixas emissões.