Bitcoin despenca por tensão no Oriente Médio: preço recua para US$ 103.900 em meio à escalada militar
Dubai, 12 de junho de 2025
O preço do Bitcoin sofreu um forte recuo nesta quinta-feira, 12 de junho, chegando a ser negociado por US$ 103.900, o menor valor registrado nos últimos três meses. A queda foi impulsionada principalmente pela escalada das tensões militares entre Israel e Irã, que reacendeu o temor global de instabilidade geopolítica com impacto direto nos mercados financeiros e ativos de risco.
Tensão geopolítica atinge o mercado cripto
Analistas apontam que o recrudescimento das hostilidades entre as duas nações do Oriente Médio, com relatos de bombardeios cruzados, drones e mobilização militar, contribuiu para um aumento imediato da aversão ao risco por parte de investidores em todo o mundo. Como consequência, o mercado de criptomoedas sofreu uma liquidação em massa, com destaque para o Bitcoin, que liderou as perdas.
Além disso, os mercados tradicionais também reagiram com cautela. As bolsas asiáticas fecharam em baixa, o índice Dow Jones iniciou o dia com queda de 1,2%, e o petróleo Brent saltou para US$ 91,50 o barril, refletindo o temor de interrupções no fornecimento energético global.
Bitcoin como ativo de risco em contextos de crise
Ao contrário da narrativa de que o Bitcoin seria um "porto seguro" durante momentos de incerteza, o ativo digital tem se comportado cada vez mais como um ativo de risco, reagindo negativamente em eventos de tensão geopolítica, similar a ações de tecnologia.
Economistas ressaltam que, embora o Bitcoin seja descentralizado e teoricamente imune a pressões políticas diretas, a sua valorização ainda depende fortemente da confiança dos investidores e da liquidez internacional — elementos que evaporam rapidamente diante de riscos geopolíticos.
Reações dos investidores institucionais e de varejo
As exchanges globais como Binance, Coinbase e Kraken reportaram volume recorde de ordens de venda nas últimas 24 horas, principalmente oriundas de investidores institucionais. Muitos fundos hedge e bancos de investimento realizaram posições para evitar exposição prolongada ao risco.
Já os investidores de varejo enfrentaram fortes oscilações em plataformas P2P e corretoras regionais, com relatos de picos de volatilidade superiores a 10% em moedas alternativas como Ethereum, Solana e Cardano.
Impacto em altcoins e tokens de infraestrutura
Altcoins de infraestrutura como Chainlink (LINK), Polkadot (DOT) e Avalanche (AVAX) também foram severamente impactadas pela queda do Bitcoin, perdendo entre 7% e 12% de seu valor em questão de horas. Projetos de DeFi, NFTs e jogos em blockchain também enfrentaram um êxodo de capital temporário.
Os tokens mais afetados foram os que possuem menor liquidez, levando analistas a alertarem sobre o risco de um “efeito dominó” em projetos com pouco capital e excesso de alavancagem.
Perspectiva dos analistas para o curto prazo
De acordo com relatório da Glassnode, a rede Bitcoin registrou um aumento nas transferências de grandes volumes para corretoras, indicando possível pressão vendedora contínua nas próximas sessões.
Já o JP Morgan Chase alertou em nota que, embora o suporte em US$ 100.000 deva segurar o preço no curto prazo, uma nova escalada no conflito pode empurrar o BTC para a faixa dos US$ 95.000, criando oportunidades para entradas estratégicas — ou riscos maiores para posições compradas.
Declarações internacionais e impacto global
A ONU, a OTAN e o G7 já emitiram comunicados urgentes pedindo cessar-fogo imediato entre Israel e Irã, alertando que o prolongamento do conflito pode ter consequências imprevisíveis para a economia global e, por consequência, para todos os mercados financeiros, incluindo o de criptomoedas.
O governo dos Estados Unidos anunciou o envio de uma delegação diplomática ao Oriente Médio e reiterou seu compromisso com a estabilidade da região. O Irã, por sua vez, culpou Israel por “provocações armadas” e reforçou sua soberania em pronunciamento oficial.
Histórico de quedas do Bitcoin em momentos de tensão global
Historicamente, o Bitcoin já enfrentou outras quedas ligadas a instabilidades geopolíticas, como:
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Invasão da Ucrânia pela Rússia (fevereiro de 2022): queda de 17% em dois dias.
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Ataques aéreos na Síria (abril de 2018): retração de 10% em três dias.
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Conflito EUA-Irã após morte do general Soleimani (janeiro de 2020): retração temporária de 12%.
Esses episódios reforçam a fragilidade momentânea do Bitcoin diante de choques geopolíticos, mesmo sendo uma tecnologia descentralizada.
Possíveis estratégias para investidores
Especialistas recomendam cautela neste momento e reforçam a importância da diversificação de portfólio. Entre as estratégias sugeridas estão:
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Manter parte dos ativos em stablecoins lastreadas em dólar (como USDT, USDC)
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Alocar recursos em ativos reais como ouro físico e títulos do Tesouro
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Aguardar a estabilização do cenário militar antes de realizar novas compras de criptoativos
Além disso, é recomendado utilizar ordens automáticas de stop-loss e take-profit para evitar perdas abruptas causadas por movimentações inesperadas do mercado.
A queda do Bitcoin para US$ 103.900 em meio à escalada do conflito entre Israel e Irã reforça como os criptoativos ainda estão profundamente ligados à psicologia de mercado e aos desdobramentos da política internacional. Com um futuro próximo ainda incerto, resta aos investidores permanecerem atentos, disciplinados e estrategicamente posicionados.