Trump Mobile retira selo “Made in USA” do T1 Phone após dúvidas sobre produção nacional


Especialistas recomendam aos consumidores ler atentamente o rótulo de origem

Trump Mobile, a mais recente empreitada comercial da família Trump, lançou em 16 de junho de 2025 o smartphone T1, inicialmente promovido como “Made in USA” em instalações na Geórgia, Alabama e Flórida. Em poucos dias, todas as menções a fabricação integral nos EUA foram substituídas por termos genéricos como “orgulho americano” e “design inspirado em valores americanos”, após especialistas questionarem a viabilidade de montar um dispositivo complexo sem a cadeia de suprimentos e infraestrutura locais adequadas. A retratação também evita possíveis sanções da Federal Trade Commission (FTC), que exige que produtos com o selo “Made in USA” sejam “todo ou quase todo” produzidos no país .

Anúncio do Trump Mobile

No Trump Tower, em Nova Iorque, Donald Trump Jr. e Eric Trump apresentaram o Trump Mobile como MVNO (operadora virtual), oferecendo um plano mensal de US$ 47,45 e prevendo o lançamento em setembro de um smartphone dourado, o T1 Phone, ao preço de US$ 499 . A iniciativa foi justificada como uma resposta “à falta de inovação no setor de telefonia móvel” e incorporou elementos de marketing patriótico, como o número do plano alusivo aos mandatos presidenciais (45.º e 47.º) e o slogan “feito na América”.

O website oficial afirmava que o T1 seria “fabricado nos Estados Unidos”, com call centers no Missouri e parcerias com as principais operadoras de rede. Essa promessa visava atrair consumidores conservadores, reforçando a imagem de Trump como defensor da indústria nacional.

Retirada das alegações de “Made in USA”

Em menos de 48 horas, o trecho “fabricado nos EUA” desapareceu do site, sendo substituído por declarações mais vagas, como “proudly American design” e “brought to life right here in the USA”. A mudança foi confirmada por uma atualização discreta no texto da página de pré-venda, sem comunicado oficial explicando o motivo.

Especialistas do setor imediatamente questionaram a plausibilidade de uma cadeia de suprimentos inteiramente nacional. Francisco Jeronimo, analista da IDC, afirmou que “montar componentes importados nos EUA não equivale a fabricação integral” e apontou que “a ausência de fábricas de smartphone em escala nos EUA torna o ‘Made in USA’ impraticável”. Outras empresas de tecnologia que tentaram montagens locais, como Apple e Google, também enfrentaram limitações semelhantes.

Desafios técnicos e de cadeia de suprimentos

A China concentra cerca de 90 % da montagem global de smartphones e 80 % da produção de componentes — chips, placas-mãe, módulos de câmera — essenciais ao produto final. Mesmo com incentivos federais como o CHIPS Act, grande parte da infraestrutura de fabricação de eletrônicos de consumo ainda está no exterior.

Relatórios de teardown indicam que o T1 Phone é um rebrand do modelo Wingtech Revvl 7 Pro 5G, amplamente produzido na China, vendido nos EUA por operadoras como a T-Mobile por cerca de US$ 250 — metade do preço anunciado. Analistas estimam que, caso haja montagem mínima nos EUA, ela se limite à inserção de componentes prontos em carcaças nacionais, estratégia insuficiente para atender aos critérios da FTC.

Regulamentação da Federal Trade Commission

A FTC, através do 16 C.F.R. § 323, estabelece que um produto só pode ostentar “Made in USA” se “todo ou quase todo” o processo — desde matéria-prima até montagem — ocorrer no país. Em casos semelhantes, empresas como Stanley Black & Decker e Frito-Lay foram multadas e obrigadas a reformular sua comunicação de origem.

Segundo o presidente da agência, Brendan Carr, o comitê não manteve qualquer contato com a Casa Branca sobre o Trump Mobile e garantiu que aplicará as normas vigentes caso receba queixas formais. Entretanto, grupos de defesa do consumidor já preparam petições por publicidade enganosa, citando o histórico de produtos Trump que anunciaram origem americana mas foram fabricados na China.

Reações do mercado e perspectivas para consumidores

Após o rebranding, analistas revisaram para baixo as projeções de vendas: a Piper Sandler reduziu sua estimativa em 35 %, projetando 250 000 unidades vendidas em vez de 380 000, citando incerteza quanto ao valor agregado do dispositivo. O adiamento do lançamento de agosto para “fim de 2025” também gerou insatisfação entre pré-compradores .

Especialistas recomendam aos consumidores ler atentamente o rótulo de origem, buscar análises independentes (como teardown da iFixit) e comparar especificações antes de adquirir o T1 . Marcas consolidadas como Samsung e Motorola mantêm transparência sobre fabricação e componentes, oferecendo alternativas com redes de suporte e garantia amplas.

 

Paulo Poba

Sou um apaixonado por futebol e anime, atualmente no último ano do curso de Ciência da Computação no Instituto Superior da Politécnico da Caaála. Desde cedo, sempre sonhei em ter um espaço dedicado a notícias esportivas, o que me levou a criar minha página em 2016. Desde então, venho me dedicando com afinco, buscando constantemente aprimorar meu conteúdo e alcançar um público cada vez maior. Meu objetivo é tornar minha plataforma uma referência no mundo esportivo, combinando minha paixão pelo esporte com minhas habilidades em tecnologia.

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