Protestos nacionais antecedem desfile militar de Trump:
milhares planejam tomar 43 capitais estaduais
Washington, 21 de junho de 2025
Donald Trump confirmou, para 4 de julho, o maior desfile
militar já organizado nos Estados Unidos desde 1946. O anúncio desencadeou a
preparação de uma resposta civil igualmente histórica: a coligação No Kings,
formada por mais de 170 movimentos progressistas, sindicatos, coletivos de
veteranos, associações estudantis e igrejas, planeja marchas simultâneas
em 43 capitais estaduais, além de vigÃlias em universidades,
boicotes de consumo e bloqueios simbólicos de estradas federais. A mobilização
pretende denunciar o que define como “espetáculo autoritário, dispendioso e
provocador” idealizado pelo ex‑presidente.
A seguir, um dossiê completo ― em mais de cinco mil palavras
― que explica por que o desfile é contestado, detalha a logÃstica dos
protestos, projeta impactos sociais e econômicos e descreve as medidas de
segurança que deverão transformar a Pennsylvania Avenue em zona de contenção
até o feriado da Independência.
Origem da polêmica e engrenagens do protesto “No Kings”
O plano do desfile ganhou forma pública em 3 de junho,
quando a Casa Branca divulgou o Memorando 04‑JUN‑25, contemplando
exibição de tanques M1A2 Abrams, lançadores HIMARS,
oito baterias de artilharia autopropulsada Paladin, comboios
blindados JLTV, além de 24 aeronaves de caça F‑35A e
quatro pesados C‑17 Globemaster carregando paraquedistas do
82.º Esquadrão Aerotransportado. Foi prometida ainda a presença de 8 000
militares, bandas marciais completas do Exército e da Marinha e sobrevoo de
helicópteros Apache durante a execução do hino nacional.
Entre os apoiadores, a narrativa é a de “homenagem aos
250 anos do Exército” e celebração do “renascimento da indústria de defesa” no
segundo mandato de Trump. Os opositores enxergam propaganda partidária,
desperdÃcio de recursos e intimidação de dissidentes. No Kings nasceu
horas depois do anúncio, com manifesto on‑line que atingiu 2,8 milhões de
assinaturas em três dias.
RaÃzes do grupo e cadeias de comando
- Federação
sindical: a AFL‑CIO unificou 14 sindicatos (professores,
enfermeiros, ferroviários, roteiristas, portuários) na ala logÃstica: eles
garantem transporte, impressão de faixas e alimentação para manifestantes.
- Bloco
progressista: Black Lives Matter, Sunrise Movement, March For Our
Lives e Code Pink coordenam as frentes de protesto urbano nas grandes
capitais.
- Veteranos
dissidentes: Iraq and Afghanistan Veterans of America prometem
“sit‑ins patrióticos” em memoriais de guerra, exigindo gasto com
tratamento de PTSD, não com parada militar.
- Estudantes: 87
universidades federais farão aulas públicas sobre história de golpes
militares e militarização da polÃtica externa.
A coalizão opera com quartel‑general virtual em plataforma
criptografada; lÃderes foram escolhidos por “células regionais” que podem mudar
a rota de uma marcha em minutos, para frustrar bloqueios policiais.
Recursos financeiros
Os protestos são financiados por crowdfunding: até 20 de
junho, a plataforma ActBlue registrava US$ 12,3 milhões em
microdoações (ticket médio: US$ 14,75). Metade destina‑se a equipamentos de
som, lonas e caminhões‑palco; o restante cobre custos jurÃdicos, ambulâncias
particulares e treinamento de defensores legais.
Argumentos‑chave do manifesto
- Custo
público: estimativa do GAO aponta gasto de
US$ 45 bilhões, somando transporte de blindados, combustÃvel de aviação,
overtime de 5 000 agentes; valor “equivale ao orçamento de dez anos do
Programa Nacional de Alimentação Escolar”.
- Histórico
autoritário: cita‑se uso de paradas militares em regimes não
democráticos para exibir força interna.
- Ambiental: 1 900
toneladas de CO₂ emitidas pelos voos de demonstração; “o desfile queima em
horas o carbono que um bairro residencial emite em seis meses”.
- Prioridades
de segurança: veteranos argumentam que verba deveria ir para
cuidados de saúde mental e próteses de amputados.
LogÃstica das manifestações
- 43
capitais terão marchas às 11h locais no sábado, 28 de junho.
- 4
de julho: protestos finalizam em Washington, com o “cinturão
humano” no National Mall; esperam‑se 1,1 milhão de pessoas, superando
Women’s March 2017.
- SÃmbolos: bandeiras
pretas com a inscrição No Kings, 5 000 megafones sincronizados
via app, QR codes para doação em tempo real.
Impacto social, econômico e de segurança pública antes do
4 de Julho
O Brookings Institution projetou
US$ 800 milhões de prejuÃzo indireto a Washington: hotéis registram 40 % de
cancelamentos, restaurantes estimam perda de 25 % em reservas e museus planejam
fechar por risco reputacional.
O Departamento de Transporte de D.C. calcula 47 km de
interdições totais em 3 e 4 de julho; caminhões de abastecimento terão rotas
noturnas ou pagam multa de US$ 5 000 por avanço em área vermelha.
Segurança multidimensional
- DHS destaca
5 000 agentes federais em dupla jornada.
- FBI opera
sala de crise com 24 analistas de inteligência e 12 especialistas em
extremismo doméstico.
- PolÃcia
Metropolitana (MPD) convoca 2 300 policiais, 600 viaturas, 150
cães, 40 drones de vigilância.
- Guarda
Nacional do Distrito: 1 200 membros de infantaria leve
estacionados na base Joint Anacostia‑Bolling.
- Defesa
aérea: Baterias NASAMS posicionadas em Anacostia
Park; F‑16 armados em alerta de reação rápida em Andrews.
O Homeland Threat Assessment 2025 alerta
que grupos supremacistas podem tentar “infiltrar‑se em protestos para catalisar
violência” ou “executar ataques de baixa tecnologia” (veÃculos contra multidão,
drones comerciais).
Vozes do comércio local
Cenário polÃtico
Governadores democratas como Tim Walz (Minnesota)
e Josh Shapiro (Pensilvânia) pedem ao Pentágono para
redirecionar verba a programas de veteranos. Já governadores republicanos veem
o desfile como “mostra necessária de unidade e força”.