Segundo fontes governamentais, o pacote de medidas foi aprovado
na última reunião do Conselho de Ministros e visa “consolidar a posição
portuguesa como mediador credível” no conflito israelo-palestiniano, sem
abdicar dos princípios de direito internacional. O Ministro dos Negócios
Estrangeiros, Paulo Rangel, sublinhou que Lisboa “não hesitará” em reconhecer
formalmente o Estado da Palestina “se e quando tal passo se revelar decisivo
para reativar o processo de paz”.
Entre os pontos mais relevantes do plano constam:
Questionado sobre críticas de alegada “incoerência” na
aplicação de sanções, Rangel garantiu que Portugal “aplica o mesmo rigor
jurídico e moral” às violações de direitos humanos “seja na Ucrânia, seja em
Gaza”. Já o Ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, reforçou que a
suspensão das exportações de armamento a Israel “permanece em vigor” e que Lisboa
“continuará a levantar pontes” com o governo israelita para evitar o isolamento
diplomático.
Especialistas ouvidos pelo Diário Internacional consideram
que a estratégia portuguesa reflete a realidade de uma potência média:
“Portugal não tem peso militar para alterar o conflito, mas possui capital
diplomático e reputação de honest broker”, afirma a investigadora Marta Coelho,
do Instituto Português de Relações Internacionais. “A chave será articular-se
com Bruxelas, Washington e as capitais árabes para manter relevância.”
A oposição parlamentar dividiu-se. O Partido Socialista
saudou a “coerência multilateral” do executivo, enquanto o Bloco de Esquerda
pediu reconhecimento imediato do Estado palestiniano. Já o Chega classificou a
posição de “ambígua”, alegando que “fragiliza a relação com Israel, aliado
estratégico do Ocidente”.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiou
a iniciativa, mas advertiu: “Quem tem poder, usa-o; por isso, a diplomacia
portuguesa precisa de aliados fortes para transformar apelos em resultados.”