Cheias na África do Sul causam dezenas de mortes
As chuvas torrenciais que castigaram a África do Sul nas últimas semanas desencadearam um dos piores desastres naturais dos últimos anos no país. Mais de 60 pessoas morreram, centenas estão desaparecidas, e dezenas de milhares foram forçadas a abandonar suas casas após enchentes catastróficas atingirem principalmente as províncias de KwaZulu-Natal, Eastern Cape e Free State. Com estradas destruídas, bairros alagados e sistemas de esgoto colapsados, o país enfrenta uma crise humanitária que vem sendo intensamente coberta por agências de notícias e monitorada por organismos internacionais.
Introdução
A palavra-chave "cheias na África do Sul" aparece entre os termos mais buscados nos últimos dias, refletindo a gravidade da situação. As chuvas, provocadas por um sistema climático estacionário sobre o sul do continente africano, geraram um volume de precipitação três vezes maior do que o esperado para o mês. Esse fenômeno, segundo meteorologistas, é resultado direto da intensificação das mudanças climáticas que afetam o continente africano de forma crescente.
Linha do tempo do desastre
As primeiras chuvas fortes foram registradas no dia 4 de junho, com pancadas intensas em Durban. No dia seguinte, o rio uMngeni transbordou, inundando comunidades ribeirinhas. A partir do dia 6, as chuvas se intensificaram em regiões montanhosas, provocando deslizamentos de terra que soterraram estradas e bloquearam acessos. Em 8 de junho, autoridades declararam estado de calamidade pública. Até o dia 12, novas áreas foram atingidas, ampliando o número de mortos e afetados.
Impacto humano e social
Relatos emocionantes vindos de moradores mostram a dimensão da tragédia. "Eu estava preparando o jantar quando ouvi um estrondo. Em minutos, a água cobria o quintal todo. Minha filha de 7 anos quase foi levada pela correnteza", contou Mandla Thabede, morador de Pietermaritzburg. Como ele, milhares de sul-africanos viram suas casas desabarem ou ficarem inabitáveis. Estima-se que mais de 70 mil pessoas estejam desalojadas.
Centenas de escolas estão fechadas. Hospitais operam no limite. Muitos pacientes foram evacuados de unidades médicas inundadas. A falta de eletricidade e comunicação nas áreas mais afetadas dificulta o envio de ajuda.
A resposta do governo
O presidente Cyril Ramaphosa decretou estado de emergência nacional e prometeu recursos imediatos para as regiões atingidas. "Estamos diante de uma tragédia nacional. Cada vida perdida é uma ferida profunda na nossa nação. Precisamos reconstruir, mas também precisamos entender o que nos trouxe até aqui", disse ele em pronunciamento.
Forças armadas foram mobilizadas para auxiliar nas operações de resgate, transporte de alimentos, medicamentos e reconstrução de estradas. O Ministério da Saúde iniciou campanhas de vacinação emergencial contra doenças como hepatite A e cólera, enquanto caminhões-pipa tentam restabelecer o abastecimento de água potável.
Dados e comparações internacionais
A África do Sul já havia enfrentado um episódio semelhante em 2022, quando 450 pessoas morreram em KwaZulu-Natal. No entanto, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, o evento atual é ainda mais severo em termos de volume de água acumulado.
Estudos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) apontam que o sul da África será uma das regiões mais afetadas por extremos climáticos nas próximas décadas. As chuvas irregulares, intercaladas por períodos de estiagem intensa, colocam em risco a segurança alimentar e a infraestrutura básica da região.
O papel das mudanças climáticas
Pesquisadores sul-africanos e da Organização Meteorológica Mundial confirmam que o padrão de chuvas atual está diretamente ligado ao aumento da temperatura média global. O oceano Índico aquecido intensifica a umidade sobre o sul do continente, ampliando o potencial de tempestades tropicais.
Organizações ambientais também destacam a urbanização desordenada e a falta de políticas públicas de prevenção como fatores agravantes. Em muitos casos, comunidades pobres ocupam áreas de risco sem drenagem adequada.
Mobilização internacional
A ONU anunciou a liberação de um fundo emergencial para ajudar as vítimas das enchentes. Vários países, incluindo Alemanha, Reino Unido e Índia, ofereceram apoio logístico e envio de mantimentos. A Cruz Vermelha Internacional, UNICEF e outras ONGs estão operando abrigos e postos de atendimento médico nas zonas mais críticas.
Testemunhos comoventes
A jovem Lindiwe Mkhize, de apenas 19 anos, perdeu os pais e dois irmãos após um deslizamento soterrar sua casa. "Eu estava na escola quando tudo aconteceu. Quando voltei, só havia lama e destroços."
Sipho Dlamini, motorista de caminhão, ajudou a resgatar dezenas de pessoas. “A água cobria a estrada. Vi um carro sendo arrastado com uma família dentro. Consegui puxar duas crianças a tempo.”
Essas histórias estão sendo compartilhadas nas redes sociais com a hashtag #AfricaFloods2025, que se tornou trending topic mundial.
Reconstrução e futuro
Especialistas alertam que a reconstrução demandará anos. O governo estima que o prejuízo supere R$ 10 bilhões, com impacto direto na economia local e nacional. Agricultores perderam colheitas inteiras, empresas estão paradas, e o setor de turismo sofreu um baque.
Há um apelo forte para que o governo sul-africano invista em sistemas de alerta precoce, reforço de barragens e planejamento urbano sustentável. O desastre serviu como alerta global para o perigo da inação diante da crise climática.