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Sem o ato que desencadeou a corrupção, o mundo permaneceria num estado de perfeição original, com humanidade e criação vivenciando harmonia plena, sem sofrimento, morte ou separação de Deus. |
Nesta exploração teórica, consideramos o cenário hipotético em que Adão e Eva nunca consumiram o fruto proibido, impedindo assim a entrada do pecado original na história humana . Avaliamos as implicações dessa ausência de queda em diversos âmbitos: mortalidade, desenvolvimento moral, conhecimento, relação com o divino, estrutura social e ordem natural.
Sem o ato que desencadeou a corrupção, o mundo permaneceria num estado de perfeição original, com humanidade e criação vivenciando harmonia plena, sem sofrimento, morte ou separação de Deus.
1. Premissas Teóricas
1.1 Natureza do Pecado Original
O cristianismo ensina que “o pecado entrou no mundo por um homem, e a morte pelo pecado” (Romanos 5:12), transmitindo-se a toda a humanidade através de Adão. Segundo a visão agostiniana, esse pecado não foi apenas um ato isolado, mas marcou uma privação do bem na natureza humana, ferindo a vontade e a inteligência dos descendentes de Adão.
1.2 Consequências Evitadas
Se Adão e Eva não tivessem comido o fruto, a natureza de pecado não teria se estendido a seus filhos, mantendo todos na condição de justiça original sem necessidade de redenção. A ausência do pecado evitaria a invasão de dor, violência e morte no mundo, revertendo-se o “estado de queda” que a teologia cristã associa ao fruto proibido.
2. Consequências para a Humanidade
2.1 Imortalidade e Perfeição
Sem a queda, Adão e Eva permaneceriam em estado de imortalidade, pois a morte foi instituída como consequência direta do pecado. Estender-se-ia a mesma condição a toda a humanidade, eliminando a necessidade de reprodução como guarda paliativa contra a finitude.
2.2 Desenvolvimento Moral
Em um mundo sem conhecimento pleno do bem e do mal, a moralidade desenvolver-se-ia a partir de uma bondade inata, possivelmente guiada por revelação contínua ou lei natural inscrita nos corações. Sem a tensão entre inclinação ao bem e propensão ao pecado, as virtudes floresceriam de modo orgânico, sem necessidade de disciplina punitiva.
2.3 Conhecimento e Inocência
A proibição do fruto limitava o acesso ao conhecimento do bem e do mal. Sem transgredir essa barreira, a inocência permaneceria intacta, preservando um estado de fé pura e confiança irrestrita no Criador, em vez de ceticismo ou dúvida .
3. Relação com o Divino
3.1 Comunhão Direta
No Éden, Adão e Eva mantinham comunhão direta com Deus, caminhando com Ele ao entardecer. Essa comunhão não seria interrompida, resultando em um relacionamento contínuo e transparente entre divindade e humanidade, sem mediações sacerdotais ou liturgias de expiação.
3.2 Plano de Salvação e Teodiceia
A ausência da queda tornaria dispensável o plano de redenção através de Cristo, pois não haveria pecado a ser remido. A teodiceia agostiniana, que justifica o mal como privação do bem, perderia seu centro explicativo, e o foco teológico deslocar-se-ia para o propósito original eterno, sem necessidade de reconciliação.
4. Estruturas Sociais e Culturais
4.1 Ausência de Conflito e Violência
Sem pecado, não existiriam motivações para inimizades, guerras ou injustiças sistêmicas. A sociedade se organizaria em torno da cooperação voluntária, baseada na confiança mútua e no bem comum.
4.2 Organização Comunitária
Conforme especulado em tradições cristãs, Adão e Eva teriam expandido seu domínio pacificamente, gerando descendentes que se espalhariam pela Terra, mantendo harmonia ambiental e ordem social sem imposições coercitivas.
5. Implicações para o Mundo Natural
5.1 Sustentabilidade e Abundância
A maldição sobre a terra (“com espinhos produzirás o alimento” – Gênesis 3:17‑19) não se aplicaria, resultando em uma criação naturalmente farta e sustentável, com plantas e animais coexistindo sem predadores ou desequilíbrios ecológicos.
Em suma, se Adão e Eva não tivessem comido o fruto proibido, todo o cosmos permaneceria em seu estado de perfeição original: imortalidade humana, pureza moral, conhecimento limitado à vontade divina, comunhão ininterrupta com Deus, sociedades organizadas sem violência e um mundo natural sem maldições. Essa teoria nos convida a refletir sobre o propósito da liberdade e o significado do sacrifício redentor, destacando como a realidade atual, marcada por dor e morte, contrasta radicalmente com o projeto original descrito nas tradições judaico‑cristãs.
A Teoria do Big Bang (Georges Lemaître, Edwin Hubble, etc. - 1927-1960)